terça-feira, 3 de agosto de 2010

Camiseta Super Heróis



Quando poder do Estado passa para as mãos do Mercado, um herói como o Capitão América não faz mais sentido. "A mudança social provoca mudanças nas histórias em quadrinhos, especialmente na esfera dos super-heróis", diz Nildo Viana, professor da UEG (Universidade Estadual de Goiás), especialista em Filosofia e doutor em Sociologia, além de autor do livro "Heróis e Super-Heróis no Mundo dos Quadrinhos" (Ed. Achiamé, RJ). Tais mudanças não são só marcadas pela evolução gráfica proporcionada pela tecnologia, que permite um tratamento mais sofisticado dos personagens. Elas vão muito além disso. Veja:
A psiquê dos personagens e a temática das histórias
Até a década de 70, o foco das histórias estava na ação dos super-heróis, nunca nos personagens. Eles eram vazios, não havia uma elaboração aprofundada de sua personalidade e de sua história de vida. Dilemas e conflitos internos? Ah, isso não era coisa de super-herói, mas de gente comum.

Porém, ao longo do tempo, os super-heróis foram tendo a psiquê cada vez mais elaborada, e a personalidade aprofundada nas histórias. Essas também não estão mais tão rasas, maniqueístas e inconseqüentes, e vêm permitido o questionamento moral por parte dos leitores.
Agora os super-heróis têm um passado, são seres complexos, sofrem. "Dois motivos justificam essa mudança. O primeiro é manter o público antigo - que na época que eles surgiram eram crianças e hoje são adultos, ou seja, muito mais exigentes com relação à caracterização do personagem. Outra razão é a proeminência e a popularização da Psicologia e da Psicanálise. Isso teve reflexo no mundo da ficção", explica Viana.
Foi o caso, por exemplo, do Batman, apontado pelos especialistas como o super-herói que mais se renovou ao longo dos anos. "Até a década de 60 e 70, ele era um herói vazio que simplesmente combatia o crime. Agora se coloca a questão do complexo com relação à morte dos pais dele, por exemplo", lembra Viana.
Mais um fator pode justificar tal aprofundamento na individualidade do super-herói: com o avanço do capitalismo, o Estado perdeu a força, e o neoliberalismo trouxe à tona valores como o individualismo, o esforço pessoal, em detrimento do coletivo. Daí a necessidade de um herói que se preocupa também com as questões internas, não só sociais.
Essa perda de força do poder do Estado e o foco no indivíduo é bem retratada na evolução do Batman. "Antes o Batman trabalhava diretamente com a polícia. Nas versões mais recentes, ele se torna um herói mais indepentente, rebelde e violento. De aliado, ele passa a substituto da polícia. É uma contestação ao papel do sistema policial, que se tornou inoperante", explica Viana.
O tema do superpoder também mudou, adquiriu contornos realistas. Os heróis não são politicamente corretos em 100% do tempo e, muitas vezes, usam seus poderes para benefício próprio, não coletivo. Em X-men, por exemplo, em muitos momentos aparece o individualismo dos super-heróis, que usam seus superpoderes para benefício particular. As histórias não são mais tão "maniqueístas", e em alguns momentos, o vilão até pode se unir com o mocinhos, como no caso de X-men II, quando o vilão Magneto se une a Charles Xavier para combater quem quer destruir os mutantes.
Os super-heróis se tornam também mais obscuros e pessimistas. "O Batman, por exemplo, passa a imagem de um cara mal-humorado, rancoroso. Até a roupa dele é mais sombria", diz Viana, que associa tal fato a uma maneira de criar maior identificação com o público, que está mais realista, pé-no-chão, pessimista mesmo. "Não é à toa que em X-men o personagem mais idolatrado é o Wolverine. Ele extravasa a raiva e rebeldia reprimida das pessoas comuns." Além disso, eles estão mais violentos e agressivos, o que, segundo Viana, estaria ligado ao aumento da criminalidade e da violência na sociedade. "Por um lado, o estado neoliberal é mais repressivo, há políticas repressivas como o 'tolerância zero'."
Ou seja: o super-herói está cada vez mais parecido com o ser humano comum. Até para reforçar a idéia de que, com as novas tecnologias, qualquer um pode ter superpoderes. Estes não são mais ficção, estão literamente na ponta dos dedos, como mostraram, por exemplo, os americanos com as bombas de Hiroshima e Nagazaki.
Mangás e animes - O fato de até bem pouco tempo apenas os super-heróis americanos dominarem o mundo e agora haver umboom de heróis japoneses, como é o caso dos mangás, também espelha uma mudança social: a proeminência econômica, social e cultural que o Japão vem conquistando internacionalmente.

Mangá é um estilo de quadrinho oriental que remonta à China, mas é no Japão que os quadrinhos realmente ganharam força, principalmente depois de 1967. Lá, existem milhares de títulos sendo publicados em capítulos reunidos em grandes revistas semanais. Muitas vezes, essas histórias dão origem aos desenhos animados japoneses, conhecidos como anime.
Em 1995, o anime ganha força no Brasil com o aparecimento de "Cavaleiros do Zodíaco", exibido pela extinta Rede Manchete, e muitos outros títulos de sucesso japoneses passam a chegar aqui. Há mais ou menos dois anos, algumas editoras nacionais decidiram publicar títulos de mangás e optaram por manter o formato oriental de leitura. Isso contribuiu imensamente para propagar o estilo e hoje temos mais de 15 títulos sendo publicados com enorme sucesso. Os mais famosos atualmente são Yu-yu Hakusho e Dragon Ball.

O perfil dos mangás representa também a cultura oriental. Nas histórias, ressalta-se ainda mais do que nos desenhos americanos a supervalorização da competição. Há torneios entre os próprios superpoderosos "do bem", para que estes se superem. A ação não é só focada na luta do bem contra o mal. Eles competem entre si, com regras fortes. E mais: apresenta a possibilidade de ganhar novos poderes ao longo da história, por meio do esforço pessoal. Ou seja: diferentemente dos super-heróis americanos, o poder que não é dado gratuitamente, mas conquistado por meio do esforço pessoal. Há ênfase na auto-superação do indivíduo. Além disso, eles estão mais ligados à Espiritualidade do que à Ciência.
E os brasileiros? O fato dos super-heróis americanos serem muito mais presentes no imaginário popular brasileiro do que qualquer um inventado no Brasil também espelha o contexto histórico de colonização cultural e econômica do País. Pouquíssima gente sabe, mas na década de 70 vários heróis brasileiros foram criados e fracassaram por falta de público. Mesmo assim, eles tinham nomes estrangeirados e perfil bem parecido com os norte-americanos. Eram eles: Fantastic Men, Raio Negro, Mylar, Místico, Hidroman, Capitão Estrela, Capitão Atlas, Fantasma Negro.

O público-alvo
Quando surgiram no Brasil, por volta de 1930, as revistas de histórias em quadrinhos ainda eram um produto exclusivo de crianças e pré-adolescentes. Hoje, o público infantil e jovem continua, mas os adultos também se tornaram público-alvo. "Na verdade, o público adulto de hoje era quem lia quando criança as histórias", diz Viana.
Um elemento que faz os personagens e suas histórias permanecerem eternamente atuais e agradarem a todas as idades, segundo Viana, é a manifestação do inconsciente coletivo, ou seja, o desejo de superar limites, de ser livre numa sociedade que oprime - seja pelo neoliberalismo, ou pelo autoritarismo. "Desde criança essa opressão é sentida, logo que se entra na escola e se é obrigado submeter ao professor e às disciplinas, naquele horário pré-definido. No caso do jovem, ele sente-se preso e sufocado pela pressão de entrar na vida adulta e adquirir novas responsabilidades sociais: escolher uma profissão, por exemplo. E os adultos têm ainda mais pressões sociais: pagar impostos, ganhar dinheiro, montar uma família". Todo mundo projeta seus sonhos nessas histórias fantásticas que mostram personagens cheios de poderes mágicos.
O uniforme e o físico
O azul e o vermelho foram as cores sempre predominantes nos uniformes dos super-heróis. Claro, são as cores predominantes da bandeira dos Estados Unidos. Além disso, o azul, cor fria, possui o papel de relaxar, enquanto que o vermelho, cor quente, acelera o batimento cardíaco e eleva a pressão sangüínea. A utilização do azul, neste caso, serve então para diminuir o efeito de ansiedade causada pelo vermelho, o qual, no entanto, predomina.

As cores permanecem as mesmas desde sempre. Mas o desenho dos personagens mudou bastante. No início, os quadrinhos vinham apenas com as faces do personagem. Só nos anos 60 que o corpo começou a ser mais valorizado, e os super-heróis apareceram com um físico escultural, avantajado, perfeito. Nesta época, a maioria dos super-heróis da Marvel foi criada e os da DC Comics foi reformulada.

Com o tempo, os traços físicos dos heróis foram ampliados cada vez mais, pois é deles e de sua força que dependem suas ações e, obviamente, as histórias. Esses corpos esculpidos tornaram-se o elemento de identificação do público com os personagens preferidos.
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